domingo, 18 de maio de 2014

Noite de Insônia

A noite estava entrando pela janela, e aos poucos percebi que entrava em mim. Me invadiu por completo. Meus órgãos já não funcionavam, meus ossos se deterioravam e tudo o que eu fiz foi assentir. A escuridão tomava-me por completo. A lua se escondia, nenhum feixe de luz. Em estado inábil, meus olhos não se fechavam. Estava em um sério debate com o teto de meu quarto. E isso só está começando.

A angústia queimava em meu peito, a ansiedade arranhava minhas costas, o desejo não cessava: amanheça, amanheça! Minha cabeça latejava de dor. Pensamentos inquietantes eram como agulhas furando de dentro para fora. Visão deturpada... O que está acontecendo bem na minha frente?  Eu ouvia vozes, agudos gritos em meus ouvidos e sussurros nos momentos de maior solidão. Socos e pontapés atingiam meu corpo moído.

Algo quer sair de mim, algo vai explodir. Mas eu implodo. Que anomalia eu sou? Algum tipo de monstro? Um monstro que devora a si mesmo? Maior e mais forte que eu, sou eu mesma. Agora já estou menor, um ser desprezível. Eu quero ser diferente, eu quero ter uma alma novamente. 

Finalmente a luz aparece, o dia começa. Tudo volta para mim. No momento sou apenas eu. Bem, bela e normal eu. A noite foi embora, mas continua dentro de mim.

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