domingo, 5 de abril de 2015

Alegre por natureza

Alegre por natureza. Quando as coisas estão ruins, ninguém sabe. Absolutamente ninguém poderia imaginar. Como algo acontece dentro daquela que está sempre alegre? Chorou, chorou, chorou. Meia hora depois está rindo. Meu dom amaldiçoado. Como alguém que está mal está assim rindo? Como alguém com depressão é tão sorridente e brincalhona? Como alguém assim precisaria de ajuda? Tudo aparenta estar ótimo. Estou mais na merda que ela, sou eu quem precisa de atenção.

Guarda no bolso, na bolsa, no armário, na gaveta. Esconde tudo sem perceber. Estou mal, estou mal, estou mal, vou ali ouvir quem precisa, vou ali apoiar, vou ali abraçar, vou ali fazer companhia, vou ali oferecer meu ombro, meu colo, vou ali ajudar quem precisa mais que e. Eu continuo mal, mas alguém já vai ficar bem. E ela sempre estará ali, disposta a receber, disposta a doar tudo de si.

Não é uma máscara, não é uma forma de proteção, não estou me escondendo, é espontâneo. Um mar calmo de profundezas agitadas. Não se engane, não caia nesse jogo, nessa armadilha, nesse labirinto sem saída. Tudo está bem. Alegria não é sinônimo de felicidade.