sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Monotonia.

Viver é esvaecer. É o grito desesperado, é a ânsia de ser. E toda a felicidade rotineira é lançada ao mar quando o novo chega até ti. E então tentar ser os outros, que tentam ser os outros para achar seu lugar, é em vão. Nada enche, nada satisfaz. É assim que deve ser. Todas as forças são ignoradas, toda luta é perdida e toda energia é concentrada em algo ainda não encontrado.

Isso não faz mais sentido. Nada faz. Aquela falsa alegria diária não importa. Os sorrisos e gargalhadas na boca daqueles que unem-se todas as noites parar rir já não é suficiente. Nada disso é real. Aqueles beijos de "amor" falsamente apaixonados me dão náuseas. Aquelas conversas superficiais, aquelas pessoas vazias, me dão enjoo. Por favor, alguém me livre dessa tortura.

Saem em grupo e parecem manadas de animais. Todos da mesma espécie, com seus coletivos iguais. São apenas restos e é incrivelmente aterrorizante como esses têm em maior quantidade que os resultados. Sem lógica, apenas. São só restos que ficarão para os ratos. Não é possível que eu seja a alma doente enquanto eles que escolheram isso para si mesmos. Cegos. Não se pode entender, não se pode ver, só se pode sentir: há algo errado por aqui. É tão difícil de compreender?

A realidade está em falta. "Uma dose de fantasia", é menos doloroso. Falta sentimento, falta conteúdo, falta essência. A fantasia é tão real e tão palpável que a verdade passa a ser loucura, está tão escondida a ponto de raramente ser sentida. Incrível a falta de valor que isso tem, o pouco impacto que isso causa. Não adianta cobrir os danos com um tapete, um dia ele rasga. Você não entende? Não consegue enxergar. Deixe de ignorância, é só você olhar. Está na cara... Apenas não faz sentido se você tiver noção. 


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Um Texto Sobre Trens.

Andando nas ruas vejo a velha ferrovia quase abandonada que divide essa pequena cidade. Vez ou outra passa algum trem. Milagrosamente, ouço ao fundo o apito de um. É como se ele dissesse "saia da frente, não quero te atropelar", pelo menos ele avisa. Acho que gosto de trens. Tão grandes, podem transportar tanta coisa: cansaço, saudade, cheiro de suor, luta... Histórias. Nunca parei para pensar para onde vão, mas será que chegam a algum lugar? Talvez um dia procure a estação mais próxima, suba em um e descubra. "Bem que podia estar indo para Hogwarts" tenho esse pequeno devaneio e dou um leve sorriso.
   
Por mais que eu goste, tenho um pouco de receio de fazer uma viajem de trem. Geralmente, nos livros, eles são coisas tristes. Um sinônimo de despedidas, saudades, lembranças, uma passagem só de ida para guerras, uma criança chorando com uma boneca de pano na mão chorando pela perda de alguém, aquele que separa dois corações que deveriam permanecer juntos, destinos corrompidos. Ok, agora já não sei se gosto deles. Só experimentando para ter certeza. Ainda bem que existem exceções nos livros.

Ouço novamente seu apito, agora bem mais forte. Já deve estar para passar em uma altura possa vê-lo. Quero saber como ele é. Só mais alguns segundos...Droga, é apenas um trem cargueiro.